A gravidez traz consigo grandes mudanças, num momento especialmente vulnerável. Descubra o que é a depressão perinatal e como tratar.
A maternidade está associada a sentimentos de profunda felicidade, mas está também repleta de desafios e mudanças, que podem conduzir à depressão perinatal. Esta condição é bastante comum, afetando cerca de 11% das mulheres durante a gravidez e 13% no primeiro trimestre pós-parto. Atualmente, estima-se que cerca de 50% das depressões perinatais não sejam diagnosticadas. Descubra o que é a depressão perinatal, quais os sintomas a que prestar atenção e como tratar.
O que é a depressão perinatal?
A depressão perinatal é uma forma de depressão, que afeta algumas mulheres durante a gravidez ou após o parto. O período perinatal começa na gravidez, prolonga-se até 12 meses depois do parto, e é caracterizado por uma combinação única de efeitos neuro-hormonais e psicossociais. Por isso, há maior propensão para a irritabilidade, exaustão, tristeza e depressão, o que pode interferir significativamente na capacidade da mãe de cuidar de si mesma e do seu bebé.
É importante realçar que a depressão perinatal, ou qualquer forma de depressão, não é culpa da mãe, nem de nenhuma pessoa que a experiencie. Também não é um sinal de fraqueza ou falta de amor pelo bebé, mas uma condição de saúde mental, que pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, histórico ou circunstâncias de vida. É uma resposta complexa a uma combinação de fatores biológicos, genéticos, hormonais, psicológicos, sociais e ambientais, que não estão sob o controlo da mãe, neste caso.
Que tipos de depressão perinatal existem?
A depressão perinatal pode manifestar-se em diferentes momentos.
Depressão pré-natal
A depressão pré-natal ocorre durante a gravidez, antes do nascimento do bebé. Pode desenvolver-se em qualquer momento da gestação, desde o primeiro ao terceiro trimestre. Se não for tratada, pode afetar a própria gravidez, o desenvolvimento fetal e o vínculo mãe-bebé. Pode também aumentar o risco de parto prematuro e de baixo peso ao nascer e, posteriormente, na infância, e, ainda, estar associada a alterações cognitivas e de aprendizagem, dificuldades na regulação emocional e a um aumento do risco de várias perturbações psiquiátricas.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto ocorre, tal como o nome indica, após o parto, geralmente nos primeiros meses, mas pode desenvolver-se até um ano após o nascimento do bebé. Se não for tratada, pode comprometer o desenvolvimento emocional e social do bebé.
Quais são as principais causas de depressão perinatal?
Não existe uma única causa definitiva para a depressão perinatal. Pode ter origem numa combinação de vários fatores biológicos, psicológicos, sociais e hormonais. Os principais fatores de risco incluem:
Alterações hormonais
Durante a gravidez e após o parto, ocorrem mudanças hormonais significativas, sobretudo nos níveis de estrogénio e progesterona. Estas alterações podem afetar o equilíbrio químico cerebral, contribuindo para o desenvolvimento da depressão perinatal.
Antecedentes de depressão
Ter tido uma depressão prévia, associada ou não a gestações anteriores, aumenta o risco de desenvolver novamente este quadro. Além disso, ter familiares de primeiro grau com histórico de depressão ou perturbação bipolar pode também aumentar o risco.
Eventos de vida stressantes
Algumas situações especialmente difíceis de gerir, como problemas financeiros, conflitos familiares, falta de apoio sociofamiliar ou eventos traumáticos, podem aumentar o risco de depressão perinatal.
Isolamento social
Quando a mãe se sente isolada, solitária ou sem apoio social e familiar, durante a gravidez e após o parto, pode tornar-se mais propensa a desenvolver depressão perinatal.
Complicações na gravidez ou no parto
Complicações médicas durante a gravidez ou no parto, bem como a experiência de um parto traumático prévio, podem contribuir para o desenvolvimento da depressão perinatal.
Pressões culturais e expectativas irrealistas
As mulheres podem sentir uma grande pressão para se adaptarem a uma imagem idealizada e não realista da maternidade, enquanto período de felicidade constante e realização plena.
Quais são os sintomas de depressão perinatal?
Os sintomas da depressão perinatal podem variar de pessoa para pessoa, mas, geralmente, incluem:
Tristeza persistente
A tristeza é uma emoção normal que todas as pessoas sentem, em momentos difíceis da vida, mas na depressão perinatal é intensa, duradoura e não relacionada com eventos específicos. As mães podem sentir-se abatidas, desanimadas e incapazes de sentir alegria, independentemente dos acontecimentos positivos que ocorram nas suas vidas.
Desesperança e desamparo
Frequentemente, as mulheres com depressão perinatal relatam sentimentos profundos de desespero e desamparo. Podem acreditar que nunca se vão sentir melhor ou que não têm controlo sobre as suas vidas.
Irritabilidade e oscilações de humor
Além da tristeza, as mães podem ficar facilmente irritadas e passar por oscilações de humor intensas. Podem reagir de forma desproporcional a pequenas frustrações ou sentir uma raiva profunda e incontrolável.
Ansiedade
A ansiedade é comum durante a depressão perinatal e pode manifestar-se através preocupações excessivas, nervosismo constante ou até mesmo ataques de pânico.
Sintomas obsessivos
Pode acontecer a mulher ter pensamentos desagradáveis e repetitivos, os quais reconhece serem absurdos, mas causadores de grande sofrimento. Estes pensamentos geralmente estão relacionados com o bebé (por exemplo, pensar em deixar cair o bebé).
Fadiga extrema
A fadiga na depressão perinatal vai além do cansaço normal associado à gravidez e à maternidade. As mães podem sentir uma exaustão profunda, mesmo depois de um período razoável de descanso. Esta fadiga pode dificultar a realização das atividades diárias e contribuir para sentimentos de desânimo.
Perda de interesse geral
Uma das características marcantes da depressão perinatal é a perda de interesse em atividades que antes eram gratificantes e prazerosas. As mães podem sentir-se apáticas e incapazes de sentir alegria nas coisas que antes eram satisfatórias.
Dificuldade de concentração
A depressão perinatal pode afetar a capacidade de concentração e raciocínio. As mães podem sentir dificuldade em manter o foco na realização de tarefas simples e dificuldade em tomar decisões.
Alterações no apetite
Algumas mães podem perder o apetite e interesse na alimentação, levando à perda de peso não intencional, enquanto outras podem recorrer à comida como forma de lidar com a angústia emocional, levando ao ganho de peso.
Dificuldade em ligar-se ao bebé
Mães com depressão perinatal podem ter pensamentos negativos sobre a maternidade e sentir-se emocionalmente desligadas dos seus bebés, mesmo que desejem profundamente estabelecer um vínculo afetivo. Isto pode criar uma sensação de vazio e de culpa. É importante lembrar que esta dificuldade não é sinal de falta de amor pelo bebé, mas apenas um sintoma de uma condição de saúde mental, que está a afetar a capacidade emocional da mãe.
Como é feito o diagnóstico de depressão perinatal?
O diagnóstico de depressão perinatal é realizado por um médico psiquiatra. O primeiro passo é uma entrevista clínica detalhada, na qual o psiquiatra faz uma série de perguntas sobre os sintomas, para perceber a duração e gravidade. De seguida, o profissional concluirá se os sintomas cumprem os critérios de diagnóstico e qual o melhor tratamento a propor.
Pode também ser necessário realizar alguns exames complementares de diagnóstico, para excluir outras condições que possam estar na origem dos sintomas, como perturbações da tiroide, anemia ou outras. O profissional também avalia o risco de suicídio para garantir, que a paciente esteja segura.
Em que consiste o tratamento da depressão perinatal?
O tratamento da depressão perinatal é uma abordagem individualizada, que pode envolver várias modalidades terapêuticas para ajudar a mãe a superar os sintomas e recuperar o seu bem-estar emocional. O tratamento é administrado por uma equipa de profissionais de saúde, incluindo psiquiatras, psicólogos, obstetras, pediatras, enfermeiros e assistentes sociais, dependendo das necessidades da paciente.
Psicoterapia
A psicoterapia é uma parte fundamental do tratamento da depressão perinatal. Terapeutas especializados podem usar diferentes abordagens, como a terapia cognitivo-comportamental, para ajudar a paciente a identificar pensamentos negativos, aprender estratégias adaptativas e melhorar a autoestima. A vinculação mãe-bebé é algo também importante de abordar.
Medicamentos antidepressivos
Em casos de depressão perinatal moderada a grave, o médico psiquiatra pode prescrever medicamentos antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou outros antidepressivos, que sejam mais seguros durante a gravidez ou a amamentação. Esta decisão deve ser cuidadosamente avaliada em consulta com um médico, ponderando os riscos e benefícios.
Apoio social
O apoio da família, parceiro/a e amigos é fundamental. Ter uma rede de apoio emocional ajuda a paciente a lidar com o stress e os desafios da maternidade. Participar em grupos de apoio para mães que passam por experiências semelhantes pode também ajudar no tratamento.
Autoajuda e autocuidado
Estimular práticas de autocuidado, como exercício físico, uma boa higiene do sono e uma alimentação saudável, pode contribuir para melhorar o bem-estar geral. A paciente também pode aprender técnicas de relaxamento, como a meditação, para lidar com o stress de forma mais adaptativa.
É importante lembrar que reservar tempo para si mesma não é um ato egoísta. Pelo contrário, é uma demonstração de autocuidado e amor próprio que, por sua vez, permite ser uma mãe mais presente e saudável. É fundamental que as mães superem o sentimento de culpa associada ao autocuidado e procurem apoio de amigos, familiares ou profissionais sempre que necessário, para terem tempo para descansar, recuperar e cuidar de si mesmas.
Como prevenir a depressão perinatal?
Nem sempre é possível prevenir a depressão perinatal, dado que muitos fatores de risco não estão sob o controlo das mães. No entanto, existem algumas medidas e estratégias que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver depressão perinatal ou minimizar a gravidade dos sintomas.
Converse com um profissional de saúde
Se tem um histórico de depressão, perturbação bipolar, ansiedade ou outras patologias psiquiátricas, é importante conversar com um profissional de saúde antes de engravidar ou no início da gravidez. Os profissionais podem ajudar a desenvolver um plano de tratamento ou estratégias de prevenção.
Apoio social
Invista e mantenha uma rede de apoio forte. Ter amigos e familiares para conversar e procurar ajuda prática, durante a gravidez e após o parto, é fundamental. Não hesite em pedir apoio quando necessário.
Exercício regular
A atividade física regular pode ajudar a melhorar o humor e reduzir o risco de depressão. Consulte o seu médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios durante a gravidez e siga as orientações adequadas para gestantes.
Sono adequado
É importante tentar manter um padrão regular de sono e descanso, mesmo que as exigências da maternidade tornem este passo especialmente desafiante. A privação de sono pode contribuir para o surgimento da depressão.
Gestão do stress
Aprenda e implemente técnicas de gestão de stress, como a meditação, ioga ou a respiração profunda, para ajudar a lidar com os desafios emocionais da gravidez e da maternidade.
Participação em grupos de apoio
Considere a possibilidade de participar em grupos de apoio para grávidas. Conversar com outras mulheres que estão a passar pelas mesmas experiências pode ser reconfortante e fornecer insights úteis.
Comunique com o parceiro
Mantenha uma comunicação aberta e honesta com o seu parceiro. Falar sobre os seus sentimentos, preocupações e expectativas pode ajudar a fortalecer a relação e a reduzir o stress.
Joaquim Chaves Saúde, ao seu lado para tratar a depressão perinatal
Se está a passar por estes sintomas ou se conhece alguém que possa estar em risco, é fundamental procurar ajuda de um profissional de saúde mental para um diagnóstico atempado e tratamento adequado. A depressão perinatal é tratável, e o apoio emocional, bem como o tratamento, podem fazer uma grande diferença no bem-estar da mãe, do bebé e de toda a família.
Conte com a equipa da Joaquim Chaves Saúde para prevenir e tratar esta condição. Dê o primeiro passo e marque já a sua consulta, através da área pessoal do site ou da nossa app.