O glaucoma afeta mais de 100 mil portugueses, com tendência a aumentar devido ao envelhecimento da população. Além disso, é uma das principais causas de cegueira em Portugal, especialmente devido ao diagnóstico tardio. Descubra o que é o glaucoma, quais as causas e sintomas, e como tratar.
Glaucoma: o que é?
O glaucoma é uma doença ocular que se caracteriza pelo aumento da pressão sobre o nervo ótico, a parte do olho responsável por transmitir informações visuais para o cérebro. Apesar de ser mais comum quando a pressão intraocular é elevada, o glaucoma também pode existir quando a pressão é normal.
Esta é uma doença assintomática, ou seja, podem não existir sinais nem sintomas, e o paciente não se apercebe que está a desenvolver glaucoma. Se não for tratado, pode conduzir à perda progressiva do campo visual, que se vai contraindo, tornando-se tubular até chegar à cegueira.
Que tipos de glaucoma existem?
Existem 4 tipos de glaucoma, que variam de acordo com o tipo de degradação do campo visual.
Glaucoma de ângulo aberto
Este é o tipo de glaucoma mais comum, especialmente em pessoas com mais de 40 anos. Geralmente, é indolor e não apresenta sintomas até que a visão comece a diminuir. Uma vez perdida, a visão não pode ser recuperada.
Glaucoma de ângulo fechado ou agudo
Esta é a forma mais rara e grave de glaucoma, e configura uma urgência oftalmológica. Neste caso, há um aumento rápido e severo da pressão no olho. Este quadro já apresenta sintomas, como dor ocular intensa, náuseas e visão turva. Sem intervenção médica nas primeiras horas, o doente com glaucoma agudo pode perder a visão de forma irreversível.
Glaucoma secundário
O glaucoma secundário ocorre como consequência de outras patologias, como um traumatismo, pós-cirurgia, diabetes. Pode também surgir após a toma de determinados medicamentos, como alguns corticoides ou antidepressivos.
Glaucoma congénito ou juvenil
Este tipo de glaucoma é hereditário e ocorre em bebés, logo à nascença. Decorre de um aumento de pressão intraocular na gestação ou durante os primeiros seis meses de vida. Afeta 1 em cada 10.000 recém-nascidos. É raro, mas potencialmente grave, sendo uma das principais causas de cegueira na infância.
Quais são os sintomas do Glaucoma?
Na fase inicial, o glaucoma geralmente não apresenta sintomas percetíveis, o que torna a deteção precoce desafiadora. À medida que a doença progride, os sintomas podem tornar-se mais evidentes.
Os sintomas dependem do tipo de glaucoma. No glaucoma de ângulo aberto, há perda gradual da visão periférica, mas muitas vezes não é percebida no início. O paciente tem uma visão em túnel, vendo apenas o está diretamente à sua frente. Pode também ter dificuldade em adaptar-se a mudanças de iluminação.
No glaucoma de ângulo fechado, os sintomas são mais severos. O paciente pode sentir dor ocular intensa, olhos lacrimejantes, fotofobia (sensibilidade à luz), visão turva, náuseas e vómitos. Neste caso, deve procurar ajuda médica de emergência.
Quais são as causas do glaucoma?
O glaucoma é causado principalmente pelo aumento da pressão intraocular, que lesiona o nervo ótico. No entanto, existem outras causas que podem levar ao desenvolvimento desta doença, tais como:
• Pressão intraocular elevada. Este é o fator de risco mais comum, mas nem todas as pessoas com pressão intraocular elevada desenvolvem glaucoma. Além disso, pessoas com pressão normal podem desenvolver a doença.
• Fatores genéticos. O glaucoma pode ser hereditário. Quando uma pessoa tem um parente próximo com glaucoma, o risco de desenvolver a doença é maior.
• Idade. O risco de glaucoma aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas mais velhas.
• Historial médico. Certas doenças, como diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, podem aumentar o risco de glaucoma.
• Uso prolongado de corticosteroides. A toma prolongada de medicamentos que contêm corticosteroides pode aumentar a pressão intraocular em algumas pessoas, aumentando o risco de glaucoma.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do glaucoma é feito através de vários exames clínicos, testes de imagem e medições da pressão intraocular.
• Medição da pressão ocular. É utilizado um aparelho chamado tonómetro, que mede a pressão ocular. Este exame é simples, indolor e permite efetuar medições rápidas e precisas.
• Exame do fundo ocular. Neste exame, o médico faz incidir uma luz sobre o olho do paciente, observando-o com uma lente para avaliar o nervo ótico e detetar sinais de lesão.
• Gonioscopia. Este procedimento envolve a colocação de lentes de aumento na córnea do paciente para o médico conseguir observar o ângulo camerular e classificar o glaucoma.
Se necessário, poderão ser realizados exames complementares estruturais e funcionais, como a perimetria estática computorizada, para estudar o campo visual, o scan laser polarimetria, tomografia de coerência ótica ou paquimetria.